- Área: 1100 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Laurian Ghinitoiu
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Fabricantes: Bembe, CREO Rooms, EstriCon GmbH, Holz & Raum, Metallbau Stoof GmbH, Sto
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto está localizado em Berlim, em um terreno completamente destruído durante a segunda guerra mundial, o qual foi posteriormente utilizado como um depósito de partes do antigo muro que dividia a cidade em duas. O projeto é composto de dois volumes independentes, o primeiro abrigando a residência e a galeria e arte de um colecionador enquanto que o segundo acolhe outros seis pequenos apartamentos. O conceito foi desenvolvido sob a forma de “Baugruppe”, sou seja, um projeto construído coletivamente entre seus moradores.
Este método é um resultado das pesquisas que estivemos desenvolvemos continuamente durante os últimos anos. O projeto possui tanto características de edifícios suburbanos independentes quanto dos típicos condomínios do centro de Berlim, e de alguma forma, ele também incorpora a ideia de “hotel particulier”, muito comum na França. Todas estas referencias foram então traduzidas e compactadas em um único conjunto de edifícios em meio a este denso contexto urbano, explorando as fronteiras entre o público e o privado, o coletivo e o individual.
Rompendo com a tipologia clássica berlinense de blocos contínuos e sem afastamentos laterais, o edifício consiste em dois volumes independentes implantados ao redor de um pátio público. O espaço público toma conta do terreno, expandindo-se para além de seus limites; uma grande fonte de luz atrai os transeuntes para dentro, onde as instalações da coleção do proprietário criam sempre novas surpresas e encontros inesperados.
A torre da escada atua como uma continuação vertical do espaço público. Como uma área de transição, este espaço semi-público se extende da praça até as portas de aceso das unidades residenciais. Atravessando uma fronteira invisível, o conceito de espaço público é enfatizado através da continuidade de seus espaços entre a escala urbana e os pequenos detalhes.
Cada uma das unidades possuem três aberturas diretas para o espaço público, conectando as áreas de estar à paisagem urbana através de amplas janelas do piso ao teto.
Os espaços do projeto evoluem naturalmente a partir das vistas que o local proporciona. Como um desdobramento de paisagens urbanas, as vistas são exploradas e incorporadas tanto na escala urbana quando na arquitetônica. Na macroescala, as vistas exploram o skyline industrial da vizinhança com suas dezenas de chaminés. Os espaços individuais se abrem diretamente para este grande espaço público, emprestando esta paisagem dinâmica que passa a complementar seus espaços internos.
Na microescala, este espaço panóptico define uma interconectividade entre todos os espaços, da casa do colecionador a cada um dos pequenos apartamentos adjacentes, aguçando assim o sentido de proximidade e vizinhança, de pertencimento e comunidade.
O conceito de “entre court et jardin”, originalmente utilizado para descrever as complexas relações entre os espaços públicos e privados nos “hotéis particuliers” franceses, é novamente apropriado no arranjo espacial da casa do colecionador: A sua contrapartida é o espaço público que ela disponibiliza no nível da rua, criando um jardim privado na cobertura que se abre plenamente para os demais espaços habitados. A partir destes espaços privados, as vistas se entrelaçam entre esta rede de espaços externos formais e informais com diferentes graus de privacidade.
O projeto, embora aparentemente minimalista e abstrato, é resultado de uma complexa sobreposição de espaços em diversos níveis de contextualidade urbana e histórica.